“When you are able to see with no dust of knowlege on the mirror of your soul, when your soul is without any dust of knowledge, when it is just a mirror, it reflects that which is. That reflecting of that which is wisdom.” (Osho)
“Quando você é capaz de ver sem pó de conhecimento o espelho de sua alma, quando sua alma está sem pó de conhecimento, quando é apenas um espelho, isso reflete o que é. Reflete aquilo que é sabedoria. (Osho)
Se você pudesse resumir a “vida” em uma única palavra, qual palavra seria?
Antes desta viagem eu poderia resumir “vida” em “passagem”. Quando saí do Brasil com destino a Índia, tinha uma concepção muito diferente da concepção que tenho agora. De fato, nós seres humanos somos perecíveis, nossos corpos, memória tudo tem um fim, nosso tempo na terra é cronometrado. Uns partem antes da hora, outros vivem muito mais do que eles mesmos esperavam, mas o fato é que de alguma forma passamos uns pelas vidas dos outros.
“Quem eu sou?” e “Qual meu objetivo antes de partir?”.
No dia 30 de Dezembro, minha família indiana me levou para um passeio TRANSFORMADOR.

Gurudwara Bangla Sahib é em templo onde se presta culto ao siquismo, religião panteísta que ocupa o nono lugar do mundo em número de fiéis. Ele também foi um palácio habitado no século XVII pelo guru Har Krishan, que durante uma epidemia, deu água do seu poço a alguns doentes. Hoje, esta água é considerada curativa, atraindo numerosos peregrinos, e embora seja um lugar incrivelmente maravilhoso, minha experiência transformadora me aguardava no seu subsolo, longe da beleza do mármore, dos imensos tapetes no chão, longe do ouro e mais longe ainda das águas milagrosas.
Minha família e eu descemos várias escadas, percorremos um verdadeiro labirinto subterrâneo até que chegamos a este lugar. Umidade, dois tapetes gigantescos no chão (como estes tapetes vermelhos que os americanos usam na noite de entrega do Oscar) e entre eles um vão, um espaço. Pratos de alumínio empilhados, talheres numa bancada. “Pegue seu prato, sente-se ao meu lado no tapete. Eles virão para nos servir, observe o que acontece agora no seu interior”. (Disse Bharat ao me guiar).
Todos os dias, em vários horários, são servidas refeições para PESSOAS. e não estou falando aqui daqueles que passam fome ou necessidade, falo exatamente como escrevi: “PESSOAS”.
Seguindo a orientação, peguei meu prato de alumínio, minha colher, caminhei pelo tapete, passei por detrás de pessoas que já estavam ali sentadas comendo, encontramos o nosso espaço, e ao lado dele sentei. Não demorou muito, um homem com um caldeirão grande em sua mão veio até mim, colocou no meu prato comida e em seguida me serviu Roti (uma delicia de pão indiano). Ao começar a comer, olhei os pés do homem que sentava ao meu lado esquerdo, olhei para os meus próprios pés e também olhei para os pés do Bharat, e consequentemente para todos os pés que minha visão pode alcançar, todos descalços. Estávamos todos sentados, sem que ninguém pedisse, todos nas mesmas posições, todos comendo.
Com boas roupas e os pés limpos, o homem ao meu lado finalizou sua refeição, dando lugar à outra pessoa, que desta vez não tinha as roupas limpas e haviam calos em seus pés e mais uma vez olhando ao meu redor pude ver esta mesma cena se repetindo e repetindo ao lado de outras pessoas que ali comiam.
“Self-transformation is not just about changing yourself. It means, shifiting yourself to a completely new dimension of experience and perception”” (Sadguru)
“A autotransformação não é apenas mudar a si mesmo. Isso significa, mudar-se para uma dimensão completamente nova de experiência e percepção ” (Sadguru
Assim como o Brasil, e vários outros países, a Índia também tem suas grandiosas desigualdades. A fome também bate na porta de inúmeras famílias, tendo elas um lar para viver ou a rua como seu lar.
Não estamos aqui neste mundo apenas de passagem, estamos neste mundo para viver. Nossas vidas se entrelaçam aos comandos do criador e de acordo com o destino escolhido por Ele para cada um de nós. Quem sou eu?: Ainda não sei, e tenho consciência de que passarei esta vida inteirinha procurando a resposta para esta questão, pois a cada dia a antiga meu “Eu” se transforma, se reconfigura. É a metamorfose do amanhecer e a cada dia um novo nível é atingido. A vida é feita de ações, nossas, de outras pessoas e dos frutos que colhemos destas trocas enquanto envelhecemos. A vida é feita de escolhas, de experiências. Qual é o meu objetivo antes de partir?: Acho que jamais havia me permitido parar e pensar sobre isto, e hoje vejo quanto tempo perdi. Penso hoje naquilo que ficará de mim, e não falo aqui em nada de bens materiais, mas naquilo que desde meu meu primeiro contato com a índia tenho plantado dentro das pessoas fazem parte desta minha jornada, naquilo que aprendo, naquilo que ensino.
O mundo espiritual me abriu os braços neste dia. Vi a humanidade de forma horizontal, de forma geral. Não há diferenças entre mim, Bharat, entre o homem que sentou ao meu lado, entre Meenu, Tarun e até mesmo com você que está lendo este post. Unidade, este é o conceito de humanidade. Quando se compreende o que é isso, as janelas da alma se abrem para o conhecimento, para o respeito. O que nos falta? Equilíbrio. Se todo ser humano conseguir equilibrar-se internamente, não haverá desequilíbrio externo!